Esta tudo calmo.
Calmo demais...
E quando as coisas estão assim ele pode sentir que os outros seres da noite se movem nas sombras, sondando... esperando. Ele sabe que sua cota de inimigos aumenta a cada dia que suas conquistas aumentam. E agora que se tornou o braço direito do Algoz as coisas só tendem a piorar.
Deixe estar.
Ele não tem medo daquele bando de galinhas mortas, enfiando adagas pelas costas uns dos outros em seus elisios. Eles não invadem o espaço dele e vice-versa.
Portanto ele fica espantado quando descobre que alguém roubou a sua moto. Pessoas comuns não conseguem aquela proeza, não com tantos "aliados" cuidando das coisas para ele. Intrigado ele solta um pio alto e forte, logo uma coruja pousa em um galho próximo... o que muitos poderiam considerar uma distância segura de seu novo "mestre".
- Diga meu amigo noturno, não percebeu que roubaram minha moto?
Apesar de se esforçar em não demonstrar ódio suas palavras saem pesadas... quase espantando a assustada coruja.
- Desculpe mestre, estava alimentando meus filhotes e não percebi quando aquele homem estranho subiu sobre seu cavalo de ferro e saiu rapidamente em direção aos lagos.
Tomando um fôlego desnecessário ele fala devagar, "Como assim estranho?" e olha intrigado para a coruja.
- Não sei ao certo mas ele me pareceu estranho demais para um homem... ele carregava um forte cheiro de quem caça e mata. Eu tive medo dele.
- Tudo bem minha cara, vou ver isso então. Vá e cuido dos seus filhotes.
Seguindo os sinais que o ladrão deixou logo ele se encontra perto dos lagos, com a lua cheia refletindo nas águas, tornando a cena toda bela apesar da preocupação tomar conta de seu semblante.
Depois de alguns passos ele percebe sua moto perto das árvores. Quando se aproxima sente um cheiro peculiar no ar, algo selvagem e primal... mas misturado com a sujeira da cidade.
- Boa noite ajudante do algoz, inimigo do meu povo. Antes que tenhamos que nos cortar com nossas garras e nos furar com nossas presas quero apenas alguns instantes para que possamos conversar e quem sabe chegar a um acordo.
- Ora ora, não sabia que seu povo fazia acordos homem-lobo. E muito menos que o seu povo se vestia como mendingos.
- Se tentou me provocar não conseguiu sangue-suga. Para sua informação assim como seu povo se divide em raças o meu também o faz, apesar de que isso realmente não é da sua conta.
- E o que seria da minha conta? O seu povo matou minha senhora! Me de um bom motivo para que eu não faça o mesmo com você.
- Eu lhe dou o melhor dos motivos... saiba que você e os seus foram traídos. E enganaram meus irmãos no processo. Então ambos fomos enganados. Acho que deveríamos dar o troco em quem usou o meu povo e traiu os seus irmãos.
- Ora ora... não pense que sou idiota mendingo! Me diga o que tem em mente e vejamos o que eu posso fazer por você.
- É muito simples meu amigo bestial. Eu sei quem quer acabar com você. Me ajude e eu contarei quem é essa "pessoa".
- E eu posso confiar em você?
- Não, mas sou sua melhor chance...
- Tudo bem mendingo, o que você deseja?
- É simples. Em um dos seus elisios tem um objeto de valor que percente ao meu povo. Devolva o objeto para nós e eu lhe darei provas de quem deseja eliminar a ti e a teu povo. Combinado?
- combinado... por enquanto. Vou tirar sua história a limpo. Quando fizer isso daqui uma lua volto nesse lugar para tratar de negócios.
- Talvez você não tenha tanto tempo de vida...
- Isso não importa! Estarei aqui daqui uma lua. Mas sem truques mendingo. Não tenho medo de seu povo. Já provei do seu sangue e posso fazer novamente...
- Hum, você é muito confiante sangue-suga. Devia tomar cuidado com suas palavras, pois pelo que sei seus inimigos andam por ai loucos pelo seu couro. Você tem mais inimigos do que imagina.
- Então eu começarei uma coleção deles... agora com licença que tenho meus deveres para cumprir. E não toque mais em minha moto seu verme.
- Adeus sangue-suga. Adorei conversar com você também.
E eu cruzo a noite em busca de respostas... e de sangue. Cada minuto de minha vida tem se mostrado cada vez mais complicado. Mas quem se importa? Enquanto eu for o predador estarei bem.
O problema será quando os papéis se inverterem.
COMMENTS
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fiorin
14:31 Jan 30 2008
uh-hu!